A infodemia é uma desgraça adjunta da Covid-19. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ignorância quanto à utilização de vacinas pode significar vida ou morte.
Mas se pode tensionar um pouco essa questão, porque navegar pela internet equivale a lamber o chão de uma UTI purulenta.
Nossas almas podres se tornam preocupação da psicologia social, pela qual se pode classificar parte de nós como falecida. E quem está vulnerável?
Perto do Instagram, o Xvideos é ingênuo. Estou em meio a uma leitura embaraçosa do livro “Sociedade da transparência“, do filósofo Byung-Chul Han. Inicialmente, pensei que, pelo título, ele me levaria a garantir as bandeiras da sociedade civil organizada quanto à publicidade de gastos públicos, ou algo nesse sentido. Mas, não.
O autor passa longe de discutir política diretamente, e me faz refletir sobre o quanto rasas são as imagens que acesso nas redes digitais.
Lembremos que é uma discussão filosófica. Se todos forem transparentes, logo, todos são iguais no ser transparente. A exibição é a produtificação, a mercadoria é um ser humano.
Quando me recomendaram assistir ao documentário “O dilema das redes“, fiquei com uma preguiça danada. Tudo que eu “tenho” que assistir, que eu “não posso perder”, é frequentemente uma hipérbole da geração do milênio para uma coisa qualquer. Batata.
Eu me pergunto sobre a candura de quem não viu o Google começar o desenho das bolhas sociais quando passou a apresentar resultados diferentes para os mesmos termos de busca. Uma forma menos alombada do que viria a ser o algoritmo do Facebook – um tipo de molho especial americano que ninguém sabe a receita.
Sem a insolência de uma recomendação moral, mas em um movimento pela volta do sublime, penso que seríamos mais felizes em 2021 sem encontrar na internet mulheres experimentando chá de cookies.