Penso na “realização da meta”, no alcance do objeto desejado, e de como a psicanálise sugere que isso jamais é de modo completo — o que não é necessariamente ruim. Mas. Penso também que Lula e Bolsonaro são realizações tangentes, próximas da ideia de algo. E qual é a ideia?
Minha intuição diz que, bem no fundo, às vezes demasiadamente e inservivelmente no fundo, no geral, todos queremos ser felizes. A política, como efeito da cultura, tem a serventia clara de nos proteger das forças da natureza: furacões, inundações, aridez da fome. Passou disso?
A parte mais curiosa, a “farsa” que sucede a “tragédia”, é que o incesto, o canibalismo e o homicídio sequer deveriam estar em debate fora das cabeças primitivas de cada um, tratados com os requintes das tecnologias em psicologia. Mas um político come o outro, e vai por aí.
Nos últimos anos, vivemos a inflação de culturas artificiais: “sertanejo, aquela coisa abjeta”, como define o pesquisador Bruno Nichols, esquerda e direita, progressista ou conservador. Balela! A mais pura balela!
Um dos tipos mais naturais, sábios e inteligentes sempre é o pacifista. É no cara “em cima do muro” que o futuro se constrói. É do que “cultiva as próprias lavandas”, como escreve a professora Stella Siqueira Campos, que haverá um amanhã. E haverá um amanhã depois de outubro, de novo, e de novo.