A Jornada Moonshot Educação Sala Dos Professores, realizada neste sábado (21), em Curitiba, está nomeada adequadamente. É uma jornada, um “acontecimento ou circunstância notável”. Cerca de 30 pessoas, de diferentes formações e cidades do Brasil, assistem aos professores Marlon Brunetta, Paulo Tomazinho e José Motta. Os três, sócios da Moonshot, estão juntos desde a metade da década de 2010, quando entenderam que “a educação, às vezes, cheira naftalina”. A frase provocativa é de Motta. Ele foi o último a falar.
Objetivamente, entregam estes conteúdos, Jigsaw Classroom, Team Based Learning e Design Thinking. E muito se ouve sobre “metodologias ativas”. O que chama atenção é que essas tecnologias em educação não necessariamente dependem de software ou hardware que não sejam uma mente disponível e, quem sabe, um pedaço de papel que possa ser anotado. É de longa data que “uma sala de aula cheia de computadores pode ser muito antiga”, como nos repete o pedagogo e escritor Luca Rischbieter.
Há problemas reais a serem solucionados em sala de aula. Haveria, até mesmo, problemas suficientes para que as inteligências da educação se ocupassem por uma vida. Um deles é a segregação. Embora estejamos habituados a ler no noticiário sobre as consequências das crueldades infantis do bullying, o tema se torna mais dramático neste cenário: a inclusão de crianças pretas em escolas de histórico racista. Os “meninos da Moonshot”, como são carinhosamente chamados por mim, olham para isso.
E nisto a educação e a comunicação política se encontram: no desafio do engajamento. “A criança pode estar na escola, ela sai de casa, entra no ônibus e chega à escola, mas a atenção pode não estar com ela”, explica Tomazinho. Fazer com que os alunos “think, pair, share” (algo como pense, verifique com os colegas e compartilhe) é um método para que participem da construção do conhecimento. Ao sentirem-se parte de tal construção, aumentariam as chances de retenção do conhecimento e de criação de soluções para o mundo da vida.
O físico e professor de Harvard Eric Mazur, segundo a história contada na Jornada, passou a ouvir o que os alunos falavam sobre os conteúdos dele. E se deu conta de que não era o que tinha escrito no plano de aula, o que o levou a mudar o jeito de trabalhar. Esse professor é uma das referências teóricas e de prática para os meninos.
Quanto a mim, experimentei um papel para o qual eu busco consciência. Depois de horas agradáveis e inteligentes, nós, participantes, fomos desafiados a executar uma atividade x. Ao fim, percebi o quanto posso ser arrogante em minhas presunções de “quem precisa desse conteúdo”. Algo muito semelhante aconteceu comigo durante a leitura dos evangelhos. Antes, eu pensava: “Isso mesmo, Jesus, dê uma dura nesses fariseus!”, até que entendi que o fariseu sou eu.
A beleza está no jeito leve da Jornada trazer consciência.