Manifestantes interromperam uma missa na Igreja do Rosário, no Largo da Ordem, em Curitiba. Foi neste último sábado (5), por volta das 17h. As informações são da Arquidiocese. O protesto foi motivado pelos assassinatos do atendente congolês Moïse Kabagambe e do repositor de mercado Durval Teófilo Filho. São dois homens pretos mortos cruelmente no estado do Rio de Janeiro — o primeiro a pauladas e o segundo a tiros.
A ocasião na igreja foi registrada em vídeo e virou assunto do baixíssimo clero da Câmara de Vereadores da cidade. O parlamentar Eder Borges (PSD) editou uma fala própria que antecede as imagens do protesto. Ele fala, sobre o colega Renato Freitas (PT):
—Um bando de marginal, liderado por um vereador do PT de Curitiba, invadiu, hoje, a missa da Igreja da Ordem. (…) Vou entrar com processo no conselho de ética contra esse moleque, porque escarnecer a fé eu não vou aceitar (SIC, a “invasão” foi na Igreja do Rosário e não da Ordem).
Em entrevista ao Lab Jornalismo 2030, o arcebispo metropolitano de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo, respondeu que se planeja uma “celebração de desagravo”.
—Muitas vezes a Igreja do Rosário foi procurada por afrodescendentes católicos ou não. Ali estão histórias de muitos escravos, muitos deles sepultados. Sempre foram bem recebidos e respeitosos. No quadro atual, não acredito que o grupo tenha ido à igreja por razões religiosas, mas tomaram o argumento religioso e racial para politizar o local, a história e o evento.
Ainda para Dom Peruzzo, vivemos dias de “radicalização e injustiça. As mortes Moïse e Durval têm razões torpes, estúpidas. Todo assassinato é sempre um erro. Ao mesmo tempo, agredir e profanar uma igreja tem algo de insensato e de malevolência”.